O SONHO QUE NÃO SE REALIZOU - GARELLI
Era naquele alto da mangueira, Ano de mil novecentos e setenta e quatro, Construção de milhares de poesias, Lá no fundo do meu quintal, Quinze contos para fotonovelas, Escritos e enviados pelos correios, Para a grande revista Contigo, Escondidos dos meus familiares. Jamais tive qualquer resposta, Sempre com aspirações, De ganhar um grande prêmio, E satisfazer o meu maior desejo, Comprar uma motoneta Garelli, Recorte e mais recortes, Daquela motoneta Garelli, Viviam estendidos no meu quarto, Dentre as folhas de livros e cadernos, E vários escritos com os dizeres, “Vou ganhar este prêmio e comprar uma Garelli” Vou guardar a minha monareta, E andar de moto Garelli, Vermelha da cor dos meus sonhos, Horas e dias folheando as fotos, E sempre vendo as fotonovelas, Para saber se algum dos meus contos, Foram um dos premiados, E transformados nas edições de fotonovelas. Nada, nada disso sucedeu, O tempo se esgotou nas esperanças, Olhava nas manhãs de sol, O carteiro passando todos os dias, Vontade alucinada eu tinha, De verificar naquele pacote, Se havia alguma carta com o meu nome, Indignado, um dia atravessei a rua, Interroguei o velho carteiro Israel, Vizinhos do carteiro falavam, Que no fundo do quintal, O carteiro Israel abria as correspondências, Para saber se havia dinheiro, -Senhor Israel, aí não tem uma carta pra mim? -Nenhum aviso da Revista Contigo? Israel respondeu com um sorriso irônico, - E tu já escreves carta? E tudo caiu na perdição do esquecimento, ERASMO SHALLKYTTON
Enviado por ERASMO SHALLKYTTON em 19/01/2006
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