![]() PALMEIRA DO ENLACE AMOROSO Amor! Ainda recordo o nosso primeiro encontro, Debaixo das palhas verdes da cor de esmeralda, Onde o sol nunca deixou de brilhar na intensidade, Alargando com os ventos a dura e cruel saudade, Que se impõe na regência do meu sempiterno babaçu. Lembre-se! Que juntos saíram raios com carícias, Enfeitando no meio do cocal as delícias do amor, E por baixo da palmeira de babaçu, ainda há marcas, Que nem o tempo apagou ou extirpou do seu tronco. Meu amor! Até relembro ao passar pelo coqueiro, Na estrada que ligava o teu coração nos anseios, Costurados na amizade e no cheiro do matagal, Não, eu não esqueci. Tudo, tudo foi muito legal. O resto mudou em diversas partes do mundo, Porém, a nossa palmeira ainda continua firme, Cresceu no meio do capoeirão entre a chapada, E a cotia levou para mais distante seus frutos, Olvidou de roer os cocos das novas palmeiras, ali nasceram. E foi neste grande tronco onde nasceu o nosso clamor, Na mistura de abraços entre mim, a palmeira e teu corpo, Elevando entre risos, prosas, poesias e cantigas de amor, Dos beijos equilibrados de uma paixão quase sem fim. Meu amor! Tantos anos se passaram no imenso relevo, E a palmeira continua lá, tão intacta como eu por ti, Balançando as suas palhas e dando dilatadas sombras, Nas manhãs e durante todo o esplêndido entardecer, Por isso, meu amor! Eu não posso jamais te esquecer. E vejo em suas palmáceas verdejantes no alto, Que um dia fostes a mulher ideal daquele matagal, A primeira e única princesa do sertão que me apaixonei Fazendo-te mil aconchegos no meio das palmas. Ainda brilha no céu azul suas palhinhas verdes, O bem-te-vi ainda canta no seu emérito apogeu, Com voos rasantes e acrobáticos é filho meu, Conservo esta formosura da nossa infância, Com vinte e cinco metros não se curva ao tempo. Na espera longínqua de um dia encontrar os teus olhos, Já que todas as manhãs a palmeira lanças suas gotículas, Pranteando pelo encontro que o tempo não volta mais, Do orvalho límpido e tão lagrimado pela árdua saudade. Esteja onde estiveres - eis o altivo símbolo sentimental, Daquela nobilíssima intensidade amorável que ainda reina, Na mais bela estátua do sertão que ainda fazem à união, Mantendo acessa entre o sol e os ventos a nossa inclinação. ERASMO SHALLKYTTON
Enviado por ERASMO SHALLKYTTON em 06/08/2008
Alterado em 12/10/2011 Copyright © 2008. Todos os direitos reservados. Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor. Comentários
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