MASSAI – O FILHO NEGRO DA MÃE ÁFRICA
É na geração dessa grande raça Massai, Que corre o meu grande sangue africano, Aos passos duros do meu colorido Quênia, Vão-se as ilusões e vibrações do meu corpo, Despindo a alma no solo agonizante e sem paz. O meu espírito e pele gemem por amor e reinado, Duma África esquecida e marcada por cicatrizes, É duro não poder descansar no leito da minha vida, Que não abastece as minhas distâncias que cruzo, Sozinho, e com o meu Deus, eu não quero guerra. Nem mesmo o meu cajado se levanta mais no alvorecer, E a minha lança não domina as minas, bombardeios e fuzis, São apenas ferramentas de conhecimento e cultura, Que vão ao longo do mundo sem qualquer serventia, Aos gritos do filho da tribo Massai que foge ao além. Seria aqui o meu território com extensas lágrimas? Onde a modernidade não alça por aqui socialmente, Apenas escraviza a minha alegria de não sorrir, E vou andando por aí, a procura de um novo céu, Onde as nuvens do meu Deus me guiam na solidão. É nesta caminhada com aflição que rumo ao horizonte, Sem entardecer envergo os pés no único solo materno, Da mãe África aberta com veias e sangues inocentes, Não... Ali não soa mais o tambor da minha aldeia, Até parece que o espírito guerreiro me abandonou. Da caçada humana deflagrada pelos homens brancos, A minha boca estremece de medo e sem qualquer cobiça, E as lágrimas já não escorrem no meu rosto como dantes, Mesmo assim, sou filho da África da grande tribo Massai, Guerreiro solitário do meu povo, eu vou andando sem fim. E vou subir no Monte Kilimanjaro e observar a minha vida, Falar com o meu Deus e pedir o sangue dos antepassados, Que correm nas minhas frágeis veias no ápice desse espírito, Perdoando com os olhos negros o silencio que voa no vento, Levando a cada instante o meu louvor sem um tostão no bolso. Eu sinto que a montanha branca também se despede, Do coração de toda a África derramando as suas lágrimas, Talvez seja o aquecimento global imputado aos brancos, Do mais belo paraíso que satisfaz todos os africanos, De onde eu posso gritar do seu topo o meu Adeus. Porém, revejo que as esperanças são vencidas pela força bélica, E minha lança já ultrapassada é a minha ferida que adormece, Não une esforços com a modernidade que me sacoleja, Do leste Africano, trago as lembranças do meu Éden, Que se perdeu nas longas influências dos tiranos. Não sou mais um guerreiro que luta em defesa, O imperialismo das grandes nações sufoca-nos, Absorvendo nos olhos a exploração capitalista, Na corrida multimilionária da riqueza natural, Marginalizando a minha cultura milenar. Isto é o capital avarento de benesses pra perdoar dívidas, Do qual o povo Massai e outras tribos não constituíram, Por isso, vou subir no Kilimanjaro e rever a minha vida, E peço-lhes que não façais do povo Massai o sacrifício, Assim como Ruanda que emanou sangue como fel. Eu acho que do alto do Monte Kilimanjaro, o sonho acabou, Para cada lado que olho, vejo em cada fronteira um absurdo, Da Etiópia, Somália, Oceano Índico, Tanzânia, Uganda e Sudão, Vejo que não me resta nem mesmo o Lago Victória, tão longe, Talvez, este poderia afagar o meu tormento nas profundidades. O mundo não é mais o mesmo dos meus ancestrais, A guerra, a fome, as pestes são frutos do homem branco, Invadindo o meu ser que espanca a minha liberdade, E saiba que eu não conheço outra forma de viver sem o gado, Que campeiam nas gramas desérticas do meu coração. Eu sou o homem negro abatido na minha própria África, Porém, revejo que a esperança é vencida pela força bélica, E minha lança já ultrapassada é a minha ferida que adormece, Vejo que nem o meu cajado se levantar mais no amanhã, E a minha lança afiada não vence as minas e nem os fuzis. ERASMO SHALLKYTTON
Enviado por ERASMO SHALLKYTTON em 14/02/2010
Alterado em 14/02/2010 Copyright © 2010. Todos os direitos reservados. Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor. |