SAIA DELA RAPAZ O QUANTO ANTES
Numa pequeno vilarejo do interior do Estado do Piauí, um senhor idoso faz sérias advertências ao filho: -Óia rapaz, saia dela. Ela num é muié pra ti. -Mais pai, num tô ti intendendo. Dêxi a moça impais, eu num tem nada com ela. E tudo passa com os falatórios. E, certo dia, os dois vindos à capital, sentam-se num banco da Praça Saraiva em Teresina. Momento em que o velho recomeça as intimidações. -Tá vendo Chavié. Aqui é que tu deve morar longe da Chichica pra num ter rolo. -Putz grilo! De novo pai. É melhor enfiar água no espeto do que o sin-ô ficar jogando a mesma carta. Essa conversa me azucrina. Dá um tempo... -Chavié! Meu fio tu presta atenção. Saia dela enquanto é cedo. Depois... depois.... Insatisfeito o filho resmunga: -Num tô nem aí pra lixa da madeira. -Tu é qui sabe, ela parece com uma juripóca no seco. -E o sin-ô qui fica oiando pra Mazé do tio Alfredo. Isso o sin-ô num repara. Naquele instante, ia passando uma linda jovem teresinense com uma saia curta mostrando as belas coxas torneadas. O ancião já meio zangado com as respostas do filho levanta-se e diz: -Óia Chavié! Saia dela. Óia, saia dela. A jovem ouviu a expressão do velhinho, insatisfeita, indagou. -O senhor não tem o que fazer? Mandando o cara olhar a minha saia? -Moça pelo amor de Deus, a senhora num tá bem certa da cabeça. Tô falando com meu fio Chavié. -Nessa idade o senhor não tem vergonha na cara? Pensa que eu não ouvir dizendo pra ele olhar a minha saia. Prontamente, ela gritou o policial e foram terminar a guerra de palavras e insultos na Delegacia da Mulher. ERASMO SHALLKYTTON
Enviado por ERASMO SHALLKYTTON em 06/07/2010
Alterado em 30/09/2011 Copyright © 2010. Todos os direitos reservados. Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor. |