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 O NATAL DO MENINO JULINHO
Era segunda-feira do mês de dezembro de 2008, Julinho já se encontrava na sala de aula à espera da professora juntamente com os outros colegas. O relógio marcava 7 horas em ponto, alguns alunos conversavam sobre o fim de semana, outros explanavam sobre o programa fantástico da rede Globo que passara no domingo no horário pontual e atrativo da revista jornalística semanal. O garoto com doze anos de idade, franzino, cabelos pretos e lisos com penteado de banda, mergulhava os olhares na página do caderno de folhas brancas, rabiscando com a ponta do lápis sem qualquer sentido. Instantes em que a professora entra na sala e cumprimenta a todos e realiza a chamada dos presentes. Sem alongamento, a professora solicitou aos alunos que entreguem os trabalhos que havia passado na aula anterior. Satisfeita e fazendo as pontuações das entregas. Em minutos e pondo à mesa. Alguns minutos, a educadora percebe que Julinho não entregou o trabalho e indaga: -Julinho, por favor! Levante-se! Qual foi o motivo de não entregar o trabalho? Naquele baque desfavorável, a emoção pesou nos olhos do pequeno e a força estranha operou dentro de sua garganta impedindo de responder. E a professora insiste: -Vais ficar calado? O que está acontecendo contigo? Não serão aceitos trabalhos fora do prazo estipulado, e diminui a nota na disciplina. E isto não é bom. Sem haver contestação, Julinho permaneceu calado e com o olhar fixo na professora que falava da seriedade da entrega dos trabalhos e da leitura virtual, determinando para a próxima semana outro trabalho com o Tema “Como Nasceu o Natal”. E articula aos demais alunos: -Vejam que este é o nosso último trabalho valendo nota. Um dos pressupostos para a nota é uma redação no final do trabalho, e vocês terão que pesquisar na internet, as várias formas de natal comemorado no mundo e como surgiu o Natal. Uma menina de dez anos chamada Damiana interroga: -Professora em quantas páginas? Com um livro seguro nas mãos e encostada junto à mesa, a professora disse e finalmente advertiu os demais alunos: -Boa pergunta Damiana. Você que é a nossa atleta espetacular, o trabalho tem que ter no mínimo oito laudas e no máximo quinze, em papel A4 com a fonte Times New Roman. Prestem atenção! Na redação não quero cópia de textos já publicados na internet, pois descobrirei se a redação é de vocês ou não. Ainda com o olhar suspenso e lúgubre, Julinho anotou os dados para a realização da tarefa escolar, apertando os dedos por várias vezes numa mão e outra. Ao final da aula, sai cabisbaixo sem conversar com os demais colegas. E por ali vai, o menino segurando os poucos livros e cadernos nas mãos entre as ruas da cidade de Caxias. Ao despontar no bairro Mutirão, o guri adentra numa apertada ruazinha com matos nas laterais e buracos ocasionados pelas enxurradas do inverno passado, local desértico e desumano para um ser que depende da existência do coração a pulsar por melhorias. É ali, onde os provimentos governamentais só arrematam na época eleitoreira. Ainda distante, a mãe do menino adianta a visão aos passos do menor debruçada na janelinha paupérrima, aguardando a chegada do filho querido. Ao adentrar em casa, ela de imediato perguntou? -E aí meu filho como foi de colégio? -Ruim demais mãe. Eu não sei se vou passar. Impaciente e aflorada com nervosismo, inquire: -O que aconteceu? Me fala logo Julinho! Impulsionando um ar melancólico, comenta: -A professora me disse que vai tirar pontos na disciplina de português por não ter entregue no prazo o trabalho. Intranquila, disse: -Que injustiça meu filho! Isso não pode ficar assim. Você só tira dez nas provas e ainda vai rebaixar a sua nota. Julinho já chateado explode dizendo: -Tudo isso mãe é por causa da internet. Eu não tenho computador e nem impressora, muito menos dinheiro onde possa pagar para navegar numa Lan House. A senhora sabe que se gasta mais de trinta reais por cada trabalho. E tudo isto, nós não temos, assim fica difícil estudar. Consolando com um pouco de esperanças, ela afirma: -Não fique triste meu filho. O teu pai disse que em breve vai colocar uma internet aqui em casa. E tudo vai mudar. É duro ouvir tudo isso, mais é a vida. O moleque apreensivo, disse: -Como? De que jeito mãe? Se a energia está cortada por não ter dinheiro. Nessa estória, eu não acredito mãe! Todo mundo na escola tem um computador em casa. O Serginho lá do colégio faz os trabalhos para os alunos que não tem internet, e tudo é pago e ele não faz fiado e nem de graça. Cada folha impressa ele cobra três reais. Eu não sei porque eu nasci tão pobre! Sem demora, e sentada num tamborete a senhora reclama e faz sérias indagações: -Filho, por que você não falou isso cedinho? Talvez, eu tivesse dado um jeito no dinheiro. O que você não pode é perder ponto com os trabalhos da escola e não poder conclui o curso. Eu não sei que diabos é isso. Tudo agora é internet. As professoras não dão mais aulas, só mandam pesquisar na internet. Isso não pode ser assim. Será que elas não percebem que você não tem condições de gastar com trabalhos na internet? Cadê o monte de computadores que o governo colocou lá com o tal de laboratório de informática dentro da escola? Onde estão os computadores? E por que não funcionam para os alunos? Cadê essa tal de inclusão digital? Ouvindo os reclames da mãe, o menino comenta e pergunta ansioso: -Não sei não mãe. Parece que tudo está queimado há mais de oito meses. Cadê o pai? Para onde ele foi? Com o olhar singelo e triste a mulher, diz: -Filho, ele viajou para Parnarama. Foi fazer umas diárias de serviço na construção da casa do Carlos que é sargento da Polícia Militar. Também pudera aqui ele não mais arranjou nada, depois que ele foi mandado embora do serviço por tal dessa crise financeira. É sempre motivo de alguns para enrolar. -Será que ele volta antes do natal mãe? Eu queria que ele me desse de presente um cd play pra mim ouvir a Tribo de Jah. -Sim meu filho, ele nunca passou o natal longe da gente. Quem sabe se você não ganha este presente. Estou torcendo e rezando todas as noites. Tenho certeza que Deus irá abrir um caminho. Mais saiba Julinho, de tudo podemos fazer para você crescer e ser um grande homem de bem. Ainda com dúvidas, o garoto se levanta da cadeira e indaga: -Será mãe? Olha! Se não fosse o dinheiro da bolsa família nós estaríamos passando mais fome. Graças ao nosso bom presidente Lula. Logo, quem sabe eu posso terminar o curso e quando eu tiver de maior vou lhe ajudar. Eu vou comprar tudo o que há de melhor para a senhora. Olhando na direçãp do filho, a senhora coloca o braço junto à mesa apoiando a cabeça e confirma, dizendo: -É verdade meu filho. É pouco... mais dá pra gente ir vivendo. Depois, você vai à casa da Dona Margarida cobrar as minhas diárias. Com as mãos na cancela da porta, interroga o guri: -E quem é Margarida mãe? -É a mulher do gerente do Banco do Brasil para quem eu estou lavando e passando roupas. Ela me disse que me pagaria hoje as diárias atrasadas, e até agora não mandou. Esse povo meu filho quanto mais rico mais ordinário para pagar os pobres. Não vê que ela gasta tanto dinheiro no Shopping com besteiras e não enxerga que eu necessito. Só sabe é desfilar de carro novo de seis em seis meses. -Sim, mãe. Eu vou lá agora. Vou pedir emprestada a bicicleta do Joãozinho. -Vá logo e receba a importância de trezentos reais do mês passado. O da semana atrasada, eu vou cobra depois. -Sim, tô indo. Fuiiiii! Partiu o menino em direção ao endereço indicado no centro da cidade, chegando às proximidades, o pequeno Julinho indaga, deixando a bicicleta no chão em frente à uma loja. Aperta a campainha da residência por várias vezes, e de repente, um homem atende por nome de Nonato. -O que você deseja garoto? -Eu quero falar com a dona Margarida? -Ela não se encontra. É somente isso? -Não moço. Eu vim buscar o dinheiro da minha mãe que ela está devendo. -Lamento, ela viajou hoje bem cedo com os filhos e o marido de férias, só retorna em janeiro de 2009. -Caramba! Moço, a minha mãe tá precisando do dinheiro e são trezentos reais, e não posso sair daqui sem dinheiro. O homem dando pouca importância, apenas confirma: -Não posso fazer nada. Sou apenas o caseiro da família, retorne, assim que eles voltarem das férias. Julinho insiste, e demonstrando insatisfação, reclama: -Moço! É muita injustiça o que ela faz com a minha mãe. A gente depende comer e pagar a luz desse dinheiro. Meu pai está desempregado e o meu Bolsa Família não dá pra tudo isso não, arrume um jeito. -Eu já lhe disse, só quando ela retornar. Eu sou apenas um vigia, nada posso fazer. -O senhor não tem como falar com ela pelo telefone? Eu tenho certeza que o senhor tem o número do celular? -Garoto! Eu não estou autorizado a fazer isso. Por favor, diga a sua mãe que só em Janeiro. E dá licença que vou bater o portão. -Isso é o que dá.... Trabalhando pra gente rica. Nem sente o que dói em nossa barriga. Dali, o menino saiu abatido e chegando em casa narrou tudo para sua mãe. E com lágrimas derramou no ombro do filho. Logo, o menino disse: -Não chore mãe! Não chore! Tudo isso vai passar, depois de amanhã, agente vai receber o meu bolsa família e tá tudo resolvido. -Não estou chorando não é por isso. É que o cobrador do Armazém Nordeste esteve aqui, com a maior ignorância do mundo, dizendo que vai levar o televisor e a tua cama nova, além de fazer sérias ameaças. Eu não sei o que mais fazer, eu fico sem jeito. Eu nunca fiquei devendo desse jeito. -Foi mesmo mãe! E quanto é que falta para pagar? -É a ultima parcela de apenas setenta reais, e com juros fica em torno de noventa e cinco. E ainda me falou que amanhã à tarde ele vem buscar com o carro as coisas. -Isso não pode mãe. Um dia desses, eu vi o jornalista William Bonner do Jornal da Globo dizendo que é proibido entrar na residência do devedor para pegar à força os bens de consumo do morador sem autorização do proprietário. E ele falou muito bem sobre o direito do consumidor. Mãe! Nós temos que procurar os nossos direitos. -Ah meu filho! Como procurar direitos se a Justiça anda longe dos nossos olhos? Não vê que o teu pai colocou a firma na Justiça e até hoje nada foi resolvido já está com três anos e nada. E o seu nome ainda consta numa lista negra das empresas só por procurar os seus direitos. Esse mundo não é nosso, esse mundo é distante dos nossos sonhos e de nossas vidas. -Mais não é assim não mãe. Temos que falar com o dono da loja ou o seu gerente. Nós temos que vencer de um jeito ou de outro. Nada pode ficar assim. -Já fui lá meu filho, hoje bem cedo. Fui humilhada pelo gerente em dizer pra mim que só compra quem pode pagar e quem não pode a loja recebe os móveis. Eles não me deram nenhum prazo, só humilhação. Sair com o meu coração nas mãos vendo as pessoas correrem os olhos na minha cara. -Esse negócio está errado. Isso não pode ser assim. Onde estão as leis do nosso país? Ainda temendo os violentos atos da vida civil que surgem na inventariança da ambição, dos homens inescrupulosos, a mulher diz: -Não adianta meu filho! Reclamei e discutir com o gerente sobre o meu nome no SPC, sabe? Se o meu nome já estava sujo por setenta reais, impedindo de fazer qualquer compra a crédito. Ele não poderia tomar o televisor e nem a cama pela última prestação. Ardendo de ódio o guri, fala com nervosismo e chora: -Não mãe. Temos que fazer algo, por favor. Eu não posso deixar o televisor sair assim. Eu juro que vou junto com o aparelho nem que eles me batem, vou me agarrar ao televisor sem soltá-lo. Eu não posso perder esse televisor. Já está quase pago. É o nosso único bem de valor aqui dentro de casa. Como eu vou viver sem os meus programas de televisão. Aonde eu vou assistir o Jornal Nacional? Aonde eu vou assistir o Globo Repórter? O Fantástico? E os filmes? Essa é demais. Tudo isso por causa da nossa pobreza, por falta de dinheiro tão pouco, mais Deus está vendo tudo isso. -Não se preocupe meu filho, antes disso teu pai vem com o dinheiro, e paga esses carniceiros e ladrões. -Eu sei mãe. Mais antes que isto aconteça, eu vou procurar um jeito de resolver essa situação. Também não podemos ficar dormindo no escuro. Apreensiva, a senhora indaga: -Mais o que você vai fazer? Me diga? -Eu vou procurar um emprego amanhã cedo, bem cedinho. E nem vou pra escola. Olha mãe, eu já estou passado na série. As minhas notas são suficientes e dão média certa conforme conversei com a diretora. Eu sei que é proibido criança trabalhar, pois sempre vejo no Jornal Nacional sobre o trabalho escravo e infantil. Mais o meu caso é diferente, eu tenho que trabalhar para lhe ajudar de qualquer forma. No dia seguinte, Julinho coloca uma camisa de tergal gomada, uma calça jeans e sapatos, e parte na direção do centro comercial de Caxias. Chegando às adjacências de uma grande loja conhecida como Confecções Ingrid. O menino procura pelo gerente que logo se apresenta. Momento em que o pequeno indaga: -Eu quero saber se vocês estão precisando de um bom vendedor para as festas de natal? -Não. Lamento muito. Nesta ocasião não estamos contratando. -Por que não estão contratando? Já que o natal é o mês que mais se vende e a procura de serviços é grande por todas as lojas? -E que nas vendas natalinas já estamos com o nosso quadro completo de vendedores. Caso queira, deixe o seu currículo. -Eu não tenho esse tal de currículo porque eu trabalho na informalidade. E será difícil fazer um contrato assim. Mas, eu posso lhe dá dois dias de serviços para o senhor ver que eu sou muito esperto. E sei fazer contas sem calculadora, não preciso colocar amarrada no meu pescoço como a sua aí. -Garoto, eu já lhe informei das condições. Afinal o que você esta querendo me convencer? -De nada moço. É que eu sei trabalhar muito bem. Se o senhor paga um salário, eu só quero a metade, não importa as horas. E, se o senhor paga por comissões, me dê a metade do que o senhor paga aos seus vendedores que o resto eu sei me virar. Eu só quero é trabalhar pra ajudar a minha mãe. O gerente sorrindo, disse: -Você é muito esperto garoto. Tá querendo me convencer né? Você estuda? -Já terminei o ensino médio, agora estou desempregado e preciso trabalhar. -Se você diz que não usa calculadora. Eu vou lhe avaliar agora. Pode ser? Você pode me responder quanto custa o desconto numa venda à vista de um mil e duzentos reais com dez por cento de descontos? O menino sorriu e deu fortes gargalhadas. -De que você está rindo pixote? -Eu não sou pixote. Me chamo Julinho, por favor. Pixote é um nome que soa ruim e designa a figura de um garoto que teve um fim trágico. Por isso, eu lhe peço, me chame por Julinho. Eu... estou sorrindo é que a resposta está acima de sua cabeça. -Você está de brincadeira comigo. Não é assim que alguém procura emprego. -Sim, a resposta está encima de sua cabeça. Veja o valor desta camisa de seda. É a resposta da percentagem que o senhor deseja saber. Não está escrito o valor numérico de cento e vinte reais. Pois, este é valor da percentagem de desconto. E o valor a pagar pelo cliente é aquele representado por aquele automóvel lá fora e mais esta calça de oitenta reais. Surpreso o gerente se perde, inquirindo: -Não entendi o que você está dizendo? Por gentileza, se explique? Dando inúmeras gargalhadas, o garoto apontou com o dedo, dizendo: -O senhor não conhece aquele carro estacionado na frente da loja? -Sim, conheço. -Então, lá tá escrito Gol 1000. Então? Este é o valor que o cliente vai pagar com mil reais mais a calça aqui do lado de oitenta reais. Se não estou errado o cliente vai pagar a soma de um mil e oitenta reais para o caixa da loja. O gerente permaneceu com a mão no queixo, e disse: -Você me encanta! Você é bom mesmo de matemática e muito criativo. Essa é demais garoto. -Agora o senhor já me perguntou, chegou agora a minha vez? Posso falar? -Mais é claro, fique a vontade. -Preste atenção! Três pessoas querem comprar em sua loja o único produto? Qual delas o senhor atenderá em vendê-las? O gerente pensou, e coçou a cabeça e disse: -Não sei lhe responder. Essa sua pergunta me deixa em mil dúvidas. -Muito simples moço. Venda para uma e converse com os clientes oferecendo um café enquanto manda pegar no estoque. Se não tiver no estoque, pegue em outro lugar o mesmo produto e satisfaça o desejo delas. Assim, o senhor não perde o cliente e ganha satisfação nas vendas com a sua loja. -Garoto! Você me surpreende. Já está contratado e traga logo os seus documentos. Nesta mencionada hora, o menino bateu com as mãos no bolso, e falou: -Eu não tenho documentos, a minha casa pegou fogo no mês passado. Mais eu tenho dezoito anos de idade e posso lhe provar com o pai do Joãozinho. O gerente observando o guri, afirmou: -Eu vou ser sincero com você. Eu acho que não tens essa idade. Você parece que tem entre treze e quatorze anos. Se você é menor de idade, eu lamento muito não poder contratá-lo. Afinal de contas, não podemos infringir as leis trabalhistas. O menor olhou em sua volta e suplicou: -Moço, por favor! Eu preciso desse emprego. Deixe-me pelo menos lavar o chão da sua loja todos os dias. Se o senhor não quiser, posso limpar a sua casa ou lavar o seu carro não me importo com as horas e nem o quanto o senhor vai me pagar. O que eu não posso é chegar em casa sem nenhum trabalho. Me dê essa chance pelo amor de Deus, moço! Qualquer trabalho eu faço desde que seja honesto. Eu não sei como a vida é desse jeito comigo. Não sei mesmo.... O meninote começou a chorar, esfregando os olhos com as mãos. Momento em que o gerente e os funcionários presenciavam aquela cena juntamente com os clientes formando uma grande aglomeração. Tentando consolar o menor, o gerente afirma: -Julinho, eu não posso lhe ajudar dessa forma. Vejo que você é um bom menino e muito inteligente. Mais as leis atrapalham esse tipo de ajuda, e isso trará sérias conseqüências no âmbito da nossa empresa. Saiba que todos os meses somos visitados por fiscais do trabalho. Lagrimando em grandes soluços, e limpando com a camisa a face molhada, disse: -Moço! Eu só queria trabalhar para pagar o Armazém Nordeste, e fazer os meus trabalhos da escola, e também pagar a luz lá de casa que está cortada. Mais vejo que a lei é injusta comigo e com o meu pai. Não me dão uma chance por um trocado. O gerente tenta mais uma vez consolar o menino, e diz: -Não chore garoto, tudo isso vai passar. E quanto custa tudo isso que você precisa para ajudar a sua mãe? -É somente trezentos reais que a dona Margarida deve a minha mãe pelas lavagens. E ela viajou e só volta em janeiro de férias. É por isso que eu quero trabalhar para ajudar a minha mãe e o meu pai está viajando. O senhor sabe que a lei não vai me dá comida e nem luz na minha casa se agente não trabalhar. É por isso que eu quero trabalhar para arranjar esse dinheiro. Eu não quero fazer nada de errado na vida, eu ainda sou criança. Se a própria lei não vai me ajudar a pagar as contas lá de casa. Quem será por nós além da Lei? Quero trabalhar honestamente, assim como os meus pais que procuram um trabalho e não acham e quando acham não pagam. -Acalma-se. Não chore! Vejo que você tem um futuro brilhante pela frente. Sabe, as coisas não são assim como você pensa. -Que nada moço. A professora me disse que vai me reprovar por causa de trabalhos que não faço por não ter computador e nem internet. Isso é que a lei deveria fiscalizar, e ela nunca pegou num giz. Só dá aulas mandando ir para internet. Eu sou pobre moço, assim como os outros amigos meus. E meu pai está desempregado. O senhor sabe que não existe na lei nada que possa garantir o nosso sustento, a não ser com o trabalho dos meus pais. Se eles não têm trabalho, o que mais a lei pode fazer por nós? Pedir esmolas pelas ruas? Ou Roubar? É aí que a lei persegue quem faz trabalhos honestos como eu. É por isso que o mundo está assim, moço. Quem tem quer mais e mais, e não divide nada com quem nada tem. Observabdo o juvenil lagrimar tentou em vão acalmar o miúdo, dizendo: -Não chore garoto! Aqui está o dinheiro para pagar as suas contas. Espere um pouco que eu vou lhe deixar em sua casa. O gerente leva o garoto até o bairro pobre da cidade de Caxias, e se surpreende com o pequeno casebre em que se encontra a mãe do menor. Ali, naquela apertada casinha de palha com portas e janelas estragadas e com dois tamboretes de couro para o assento na sala. A dor invade o coração do gerente, que observando a rua com esgoto a céu aberto, percebe que ali mora um gênio da matemática caxiense, tão pobre que a consciência vibra pelos cantos da palavra honestidade. E sem se importar, o veículo não adentra na ruazinha, indo a pé até a porta da casa por obstáculos que neutralizam a passagem. Aos passos e desvios, o homem observa a mulher debruçada à janela com o semblante marcado pelas dores da alma inocente de uma mãe sem nada para comer e com as panelas vazias. O homem segurando a mão do menor leva uma luz de esperanças que brilha naquela trajetória amarga que se abre com alegria. Momento em que ao pisar no batente da porta. O homem diz: -A senhora está empregada na loja em que eu sou gerente. E vamos lhe pagar dois salários mínimos para custear a alimentação e o seu garoto gênio. Onde está o pai dele? A mulher surpresa, indaga: -Não estou entendendo moço. Mais o meu marido está viajando. Ele deve chegar ainda esta semana ou na véspera de natal. A senhora transmita a ele para comparecer nas Lojas Ingrid que arranjamos um emprego na Fazenda do nosso proprietário com carteira assinada. Também quero lhe dizer, que a partir de hoje, vamos mandar pagar a sua luz e todas as suas pequenas contas. A mulher chorou e se ajoelhou perante os pés do gerente. E ele lhes disse. -Não faça isso, senhora. Estou apenas cumprindo ordens do meu patrão da loja que tudo assistiu pela câmara interna do circuito de imagens. Ele e a sua esposa se comoveram com esta criança que precisa estudar. E atendendo o celular, meu patrão me ordenou que fizesse isso. Se a lei não dá chances, as pessoas que possuem bom coração podem compartilhar enaltecendo o amor neste natal. E dali saiu o gerente alegre e sorridente e feliz por ter contribuído com sua parcela em nome das Lojas Ingrid. No dia seguinte, era véspera de natal e o guri já havia sido aprovado com boas notas, embora a professora ter reduzido as suas notas, este foi aprovado em todas as disciplinas. Com alegrias nas pupilas, momento em que indaga a mãe: -Mãe! O que está havendo que o papai não chega? Hoje é véspera de natal. Ele tem que chegar logo. Da janela quebrada, os olhos do menino desciam e subiam a ruazinha esburacada do bairro pobre de Caxias, na esperança de ver logo o seu pai. De repente, ali cruza o homem com passos leves com a cabeça baixa. O menino corre ao seu encontro, e abraça e beija a sua mão, porém o sil ncio é maior do que os momentos que cintilam dentro do coração, e nada diz. Desviando dos buracos de lama e esgotos, os dois caminham em direção à pequena casa. Logo ao chegar, o homem pergunta a esposa: -Mulher. Você nem sabe o que aconteceu! Tive que vim de carona, pois o sargento Carlos não me pagou, alegando que o dinheiro que tinha teve que comprar um carro novo em promoção de um tal de IPI reduzido. Eu reclamei, mais nada pude fazer, a não ser pedir carona e vir embora. -Não fique triste marido. Não será preciso reclamar tanto. -Como não reclamar? Passei a semana toda pensando no presente do Julinho e até agora eu não sei o que fazer. É duro aguentar tudo isso! -Não se preocupe marido, tudo vai passar. Você nem sabe o que aconteceu por aqui? -Conte-me logo mulher. Algo de ruim aconteceu? Levaram a cama e o televisor? Foi isso? -Não. As contas já estão todas pagas. E você ganhou um empregão como presente de natal. -Não acredito. Verdade? Julinho se aproximou do pai e abraçou, dizendo: -Sim, é verdade papai. O senhor ganhou um emprego. -É mesmo mulher? -Sim. As Confecções Ingrid ofertaram um emprego para mim e outro para você. Foi uma benção neste natal para nós. -Que felicidade mulher! Eu estive na viagem o tempo todo pensando como seria o nosso natal. Sem dinheiro e nada para comprar para o nosso filho. Pensando na nossa casinha que não aguenta o inverno. E graças a Deus tudo foi resolvido. Veja como Deus é grande e poderoso. Abraços festivos formavam uma grande aliança naquela casa pobre. E na véspera da festa natalina, as luzes da cidade brilhavam por todos os cantos, era o nascimento do menino Jesus, E não poupou muitos esforços, dali da porta, eles comemoravam o nascimento de Jesus Cristo com as esperanças de uma nova vida. Em poucos instantes, uma luz de um caminhão baú atravessa rapidamente as ruas de Caxias, a procura do endereço dos pais de Julinho. Momento em que o motorista do caminhão perguntou a uma senhora logo adiante. -Por favor! A senhora sabe informar onde mora os pais do menino Julinho? A mulher sem saber, indaga: -Quem? -Onde moram os pais de Julinho? -Não sei não moço. Mais será a Carmelita que o senhor está procurando?. Ela tem um filho chamado Julinho. Se for, este caminhão não entra lá não. Bem ali, sentados à porta e admirando os fogos de artifícios lançados por toda a cidade, um homem se aproxima procurando por dona Carmelita. E logo pergunta na primeira casa. - A senhora sabe onde mora dona Carmelita, mãe do menino Julinho? -Sim, é aqui. O senhor é do Armazém Nordeste? Olha moço! Eu não devo um tostão nessa loja, eu já paguei tudo o que eu devia. Não devemos nada, nem um caroço de feijão. -Não. Eu não sou do Armazém Nordeste. Estou apenas confirmando o endereço. Estou apressado, pois o natal está pra acontecer e minha família me aguarda. -Olha moço! Saiba e eu não devo nada por essas lojas, tô com meu nome limpo, graças à Deus. -Não é por isso senhora, tenha um feliz natal. Dali partiu o motorista. E em poucos instantes, os homens do Armazém Paraíba chegavam com um Televisor Plasma, um computador, um note book, uma impressora, um rack e uma mesa de jantar e várias cadeiras, além de uma geladeira duplex. Ao se aproximar da casa de Julinho, os homens depositaram na porta os presentes, e logo o pai de Julinho se assusta e pergunta. -Moço! O que tá acontecendo? Acho que a casa da entrega está errada. Nós não compramos nada no Armazém Paraíba por esses dias. -Desculpa-me senhor. Estamos fazendo o nosso serviço. E ainda temos que ir para nossas casas festejar o natal antes da meia noite. Mas, o nosso gerente senhor Edmundo está chegando para explicar melhor. E disso tudo não podemos falar nada. Disse um ajudante. Sem demora, o gerente do Armazém Paraíba, vestido numa camisa de cor branca e uma calça azul marinho, representando a maior lojas de eletrodomésticos do Brasil. cumprmenta: -Boa noite! É aqui a casa do menino Julinho? De imediato, dona Carmelita surpresa e reconhecendo o gerente, disse: -É sim seu Edmundo. Acontece que não compramos nada até agora no Armazém Paraíba. Ocasião em que o gerente da loja explica: -Olhem! Estamos fazendo uma entrega especial para o menino Julinho a pedido das Confecções Ingrid. E o Armazém Paraíba ao tomar conhecimento da história do menino gênio da matemática, não poderia esquecer de ofertar uma bolsa de estudos, um notebook, um linha de internet por cinco anos, calculadora financeira, além da construção da sua residência. E acho que tudo isso ao lado da parceira com as lojas Confecções Ingrid, ficamos sensibilizados com a história do menino homem que ele é. E tudo isso fizemos pela passagem que o natal faz entre clientes e família ao nascimento de Jesus Cristo. Ali, diante de tudo, agradeceram ao gerente Edmundo com lágrimas nos olhos, e os móveis tiveram que serem guardados na casa do vizinho por ser muito pequena a residência. E o menino Julinho se irradiou com a luz do natal, sorrindo e agradecendo a Deus a felicidade que brilhava a cada instante com o nome escrito nos céus Jesus está chegando. Brilhos e mais brilhos faiscavam nos céus da bela cidade Princesa do Sertão maranhense. Julinho pulava e gritava com o notebook na mão, dizendo que Deus é bom demais e faz as pessoas felizes quando o seu amor se reproduz no coração. -Mãe, já é natal. Vejam as luzes no céu! -Pai, já é natal. E ali nascia para o mundo com as batidas do relógio da Igreja da Catedral, as badaladas do nascimento do homem mais poderoso que a humanidade já conheceu – JESUS. ERASMO SHALLKYTTON
Enviado por ERASMO SHALLKYTTON em 19/09/2010
Alterado em 23/12/2012 Copyright © 2010. Todos os direitos reservados. Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor. Comentários
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