Mulher Maravilha Na minha rua passou A figura brilhante Vi, seus passos trêmulos . E fiquei na perdição Dos botões de rosa ardente Impuro e desagradável Seu lenço roto e amarelo Maravilhosa e atraente Comprometendo os rebeldes E com os admiradores Estátua duma bela moça Ultrapassando a vida humana Escolhendo bons frutos sem plantar Abrindo infinitas cicatrizes Fazend`assim por fás e por nefas Mulher maravilha Trazes um encanto És por fora linda Dentro uma serpente Víbora encantadora Que maldade conduz Na miséria da infortuna Não cobiças a minha dignidade O teu sáfaro coração maligno Será o prato com um punhal cravado Aquela cabeça réproba Será editada em demais jornais Depois aquele coração Será queimado num fogaréu E naquela risonha lua Entrando na luz caótica Daquele sorriso jovial Derramando sanha e sedução Ali vai a mulher admirável Passando na minha rua De saia curta e salto alto Despejando supostas alegrias Rebola o corpo bonito Cheio de prazer nas carnes Lançando os cabelos pretos Outrora da cor amarelo Os homens ficam inquietos Com os passos da mulher maravilha Todos anseiam provar um pedaço Do amor da linda donzela Acanhado, eu fico observando O charme e o seu opíparo dengo Nas dobrinhas da minha rua Vontade, eu também teria De sugar os desejos com euforia Ela é a mais soberba mulher Em cada curva só aparece prazer Enlouquece todos os homens E desfaz as outras mulheres Numa volta e meia para aparecer A esplêndida mulher da minha rua Desce os olhares com atração Atende aos pedidos dos homens abastados Doutrinando as lições do amor Não faz escândalos aos clientes Loucos e por demais apaixonados Lá vai a mulher maravilha Avocando os insanos homens Transformando-se em lascívia Ao doce e amargo prazer Da perdição daqueles pobres homens Eu vi o Juarez na toca da mariposa, Assanhado nem me reconheceu Entre os bares da noite eterna Ali estavam os dois Ele como um plebeu. Ajuntou as moedas da provisão de um mês E foi com ela beber à noite inteira Na vaga intenção de ganhar o seu amor E ser mais importante que os outros homens Eu vi a esposa do Juarez Pedindo na casa vizinha da minha rua Um prato de comida com lucidez Com fome os meninos berravam E Juarez no Bar se deleitava Com a mulher maravilha, Ele era mais um freguês Ó que mulher maravilha É sincera e espera ser respeitada Não leva o lenço da vulgaridade Por se achar uma celebridade Eu vi o Juarez chegando em casa Maltratando a esposa Uma pobre coitada Com dois filhos na miséria gritando Alarmou Juarez à esposa solitária Que um verdadeiro amor Ele havia encontrado A mais perfeita mulher do mundo Carinhosa e cheia de dengos Juntou os pedaços de mala E foi viver com a musa sonhada De mil prazeres e posições alucinadas Certo dia Juarez procurou a sua amada Quem era o homem que a procurava Com resposta pronta Afirmou ser o irmão desgarrado Juarez amando afoitamente a bela donzela Comprou vestidos da noite e do dia E todos os vestidos longos da noite e dia Foram-lhes entregue com alegria A mulher maravilha da minha rua Lançou a língua da serpente ao meio dia Dizendo que as roupas ela mesmo comprava Ninguém mudava o seu jeito de vestir E muito menos a sua personalidade atrevida ao amor. E disse mais: -Se quiseres viver comigo terás que aceitar do jeito que vivo rua -Eu sou uma mulher bonita e o que sei fazer é dar prazer Juarez gritou no tablado violado E disse: -Eu sou o teu homem macho, e satisfaço com encanto. -Estou contigo por que te amo e não vou deixar caminhares assim. A língua afiada da serpente cruzou a rua Dizendo: -Eu não te amo, o que eu sinto por ti é apenas prazer Juarez enlouquecido disse, ainda: -Tu me enganaste, dizendo que eu era o melhor amante do mundo E a discussão tomou rumo nas esquinas O povão na porta, apenas observava. Juarez partindo trajando um simples calção Lastimando dores pelos sovacos E dizendo que agora aprendeu a lição da vida. Virou a avenida dos desenganos E adentrou na minha ruazinha Triste e falido de amor Não encontrou mais a sua velha amada Que partira sem deixar notícias ao marido esquecido E todos os vizinhos fecharam as suas portas Sem socorrer o condenado. Não demorou, Ali vinha a mulher maravilha Desfilando pela minha ruazinha Toda assanhada querendo dar prazer A um mais novo camarada Percorrendo os quatro cantos Amarrando muitos homens E não amando sequer um Assim, é a mulher maravilha. Eu sei que tu és linda Mulher encantadora De uma única noite prazerosa De beijos e longos abraços Meiga em todos os sentidos Eu sei abstrusamente Que moras nas trevas Perseguindo o vento e o grito Na noite em lua cheia Grandiosa peste de lástima Do rosto de mulher válida para casar Amar se se amigar a vida inteira Derrotarei o teu imenso poder da sedução Com o crucifixo de Nosso senhor Jesus Ó mácula mal aventurada! És desgraçada até onde pisas e come Vais aonde tem enxofre É lá a tua morada E deixa de seduzir os homens Donde ardentemente vieste Gritarás o nome deles Os bons homens da terra verão a realidade No cair d`aurora cintilante Ó pai suplico que tenhamos fé, Dê-me a lança de raios azul Para que eu lute no meio do mar Com a peste que se introduziu numa mulher. Vencer-te-ei nas tuas garras Ó mulher do sétimo dia sem piedade Que trazes na herdade da bocarra A língua da cobra venenosa Deixarás de passar na minha rua Durante toda a eternidade Nunca mais irás afetar os homens de boa ação Na minha e pequena ruazinha do coração. Do livro Bem-te-vi coqueiro chorando ERASMO SHALLKYTTON
Enviado por ERASMO SHALLKYTTON em 25/07/2012
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