Antonio Tavares – Uma estrada em versos
A vida é qualquer verso ventilado É o suspiro que vem no para-brisa Augusto `ento soprando do meu lado Sim. Eu aprendi sozinho na divisa Nos pedregulhos e muito apertado Eu não tive o ouro pra obter a guisa Mas, aspirei janelas duma letra Sem um único som que desse a paz Com apenas um saco sem maleta Um nino que jamais fosse capaz Erguer na escuridão sem ter caneta Anotando em fileira em ser assaz A voz escrita do verso era mudo Impressionand`os olhos, dor no lápis Fugia na esquina o pouco tal estudo Falha da provisão da boca grátis Ai se não fosse a tia Bida um escudo ! Outro porto não seria o meu bom cais A bananeira do meu, meu quintal Abanava tão alegre as belas folhas Imatura e amarela era o mural Central inicial dos versos, a escolha Certo dia, tal mangueira foi imparcial Lançand`um galho na Musa, deu trolha Mudei de lugar e fui pro beiral Do derradeiro galho, ali, entrefolha Nada demudou na era dioclesiana Papéis tinham de estar, e bem secretos Na corrida maluca soberana Foi a mangueira mais fiel.Tudo discreto A banca no apogeu era minha cabana Brotava o verso no ar, folhas do teto Belo verde esmeralda cor bacana Acendia pendurado em vão direto Cortava o sopro na minha choupana Eu ia versando no cume co`um objeto Ser um poeta topando as duas pestanas Tão pertinaz eu fui, e vou, embora quieto Armando brincadeira em carta e sana Assim, cresci nas letras do alfabeto E a escrita nasceu em mim feito um projeto Mui direto e completo sem voz n`alma Tropeço de quem pede água em deserto Incerto e tendo n` alva, a minha calma Entre as barreiras de aço aqui tão aberto Eu vou ligeiro nesta rodovia Abalizando o cerne entre ladeiras Curvas acentuadas na pontaria Carnaubeiras à frente é uma fileira Se perdem na secura, o motorista É vida árdua com risco sem beiras São os bons anjos do asfalto nesta crista E às vezes, bancam o bem sem cobrar Sofrendo n'alma a dor, nem sequer cansam Enfadam os dias tristes pra chegar Caminhoneiros rodam a via e cantam Em tantas aventuras governadas Ali vão eles batendo na saudade Espancando a aflição em cada invernada E pisa carregado na bondade Louco pra vir pra casa e sem nada Apenas a alegria na agilidade No pequeno salário em tonelada aprumando o difuso raio em beldade Corre n'abraço da lua toda alada Que acredita e confia em muitas verdades Na rodovia sem fim na badalada Não cobra nada, só, tão-só amizade É todo dia naquela longa estrada Furando as gemas, vem a solidão Arde no peito e dar uma carona Faz rir com a ansiedade na ocasião Olhando o mesmo céu pensa na Dona Que espera da janela o coração Não cobra nada, só, tão-só amizade Conexão ventilada é um cidadão Viajando no futuro é a atividade Navega a humildade na emoção Fazendo o meu Brasil uma igualdade. Não irei mais rimar, eu vou mesmo é chegar Já usurpei o Estado do Piauí, a terra sem piqui Terra do bode, bela Cidade Verde, um encanto Que cantei para a poetisa Aila Brito com um bacuri Celeiro do meu Maranhão que mistura mil emoções Das minhas palmeiras verdes da cor da esmeralda Lapidadas com cactos da minha vida eleita de poeta Cruzo o meu Nordeste no riso que planto de amizades Entre flores e espinhos no retrovisor da minha saudade Surge a esperança na brisa escaldante e variante do espelho Sou mesmo um sertanejo no manejo destas linhas na direção Fico na gota serena com as pobres mulheres na estrada Com latas na cabeça carregando água num local desabitado Com tantos poços artesianos espalhados ora paralisados Ali, detém o maior potencial de águas subterrâneas sem igual E a seca impera na dominação com longa escassez, é embriaguez Dos frutos dos aluviões que bordam os tigres brancos do sertão Não. Não fazem jus a diplomacia de ser um bom cidadão Carnificina viva andante sem uma guarida nas costelas Grita o verme da boca em boca sem qualquer provisão São os abutres selvagens que voam na desgraça alheia Famintos elefantes das ocasiões da capoeira sertaneja Colhendo ouro verde e entregando a desgraça e mazelas Ricos comandos, paupérrimos governantes desconfiados Brilhantes paisagens na terra e no céu faiscam tesouros Até pinta ser o Sudão com guris laborando o pão do dia Nas farpas que se veem atoladas na existência campestre Ilusionismo de ser alguém dentro da miserável sociedade Oh Que maldade escancarada nas janelas dos meus olhos! Num mundo desconhecido de Marte ou Plutão sem união De que vale viver sem ter a raspa das favas espalhadas Do cerrado e cerradão vai a caatinga pelos tabuleiros Vida apropriada para uns e o inferno para os outros Sem condenação averiguada é chuvarada em eleição Compra-se até almas envenenadas pela dinheirama É cultura, desenvolvimento na escala para o PIB iludível Representação de petas e castanhas do destempero Preso estar, a maldição daqueles homens sem socorro Nada melhor, aqui reproduzir o meu poeta Maior Nas estrofes que sacodem o pulso vigoroso Dinastia da alegria de Caxias, o heroico Gonçalves Dias Filho sofrido da terra natal e mui injustiçado Que um dia o poderoso Senhor Dom Pedro II, Ouviu seus cânticos e abriu as janelas ao poeta Aqui segue uma pequena parte No mais renomado Cântico em favor da alma penada. I – Juca Pirama "Andei longes terras Lidei cruas guerras, Vaguei pelas serras Dos vis Aimoréis; Vi lutas de bravos, Vi fortes - escravos! De estranhos ignavos Calcados aos pés. E os campos talados, E os arcos quebrados, E os piagas coitados Já sem maracás; E os meigos cantores, Servindo a senhores, Que vinham traidores, Com mostras de paz. Aos golpes do imigo, Meu último amigo, Sem lar, sem abrigo Caiu junto a mi! Com plácido rosto, Sereno e composto, O acerbo desgosto Comigo sofri. Meu pai a meu lado Já cego e quebrado, De penas ralado, Firmava-se em mi: Nós ambos, mesquinhos, Por ínvios caminhos, Cobertos d’espinhos Chegamos aqui! O velho no entanto Sofrendo já tanto De fome e quebranto, Só qu’ria morrer! Não mais me contenho, Nas matas me embrenho, Das frechas que tenho Me quero valer.” Meu canto de morte, guerreiros, ouvi: Sou filho das selvas, nas selvas cresci, Guerreiros, descendo Da tribo Tupi." E de tudo, eu observo nesta carreta que monopoliza o sertão Notando o abominável que jamais recuou das estradas Dos capoeirões, dos povoados, vilas e tabuleiros Levando apenas letras como carga em demasia e alegria Ai se não fosse o bom Deus! Pai em três dimensões! Alavancando alentos nestas criaturas num colosso bravio Suportando a dor, a fome e mastigando o caroço da sociedade Abrolham nas serras a cor amarela do ouro dos ipês Modificando o andamento da existência extraordinária Nímio que anima os ninos do sertão com um tal de bolsa escola Retrato financeiro e banqueiro para amenizar com piedade Sacramento de reconhecimento e gratidão, ganha-se votos Rito contumaz e vezeiro de cautelas com supostas abnegações É tudo bandeira verde e amarela no jogo de pretextos saciados. Sigo na direção acertada e deixo a Cidade de Cocal do Piauí, Distinguida no GPS, eu avanço na estrada Estadual – PI 213 Na divisa do Piauí com o Ceará, surpreendo-me Uma dádiva aberta aos céus, é a Cachoeira do Pinga Júbilo do complexo de cachoeiras do Pirapora Com uma ilustrada queda d’água num véu de noiva Se há formosura, aqui está um presente de Deus No encanto promissor em grande cascata É a elegância da mais bela paisagem que enobrece. Notável criação do ser Supremo por excelência Nesta divisa territorial marcada por quatro quedas Entro no Estado do Ceará que me levará sem jacá Confirmo nos retrovisores a paisagem na aragem E chego em tempo real na cidade de Viçosa do Ceará Ao fundo, observo a Torre da Igreja do Céu Apresso e piso mais fundo o pé no acelerador A ventilação e a harmonia trazem alegrias Prontamente, estou na bela cidade de Tianguá A famosa Capital da Ibiapaba, filhos da Tabajara Examino os freios no painel e aqueço a emoção Subindo a serra chego em Frecheirinha – BR 222 As horas passam e sinto o frio da madrugada Olho o retrato da bela na cabine, e penso nela Em seus cabelos radiantes e pulsantes na visão Bate aqui dentro como um vulcão acelerado Em cada curva fechada com frenagem Abordo em pouco as estações na linda Sinto a grandiosa cidade de Sobral No cruzamento, eu viro à direita Rumando à cidade de Santana do Acaraú É um panorama deslumbrante e poético Diversidades de temporadas reais No balanço de curvas à direita e esquerda Reduções à toda hora, eu não posso parar Tenho que versar na subida e descida das serras Aqui é a BR 403, com uma reta sem fim Onde cruzo separando o verde da vida Que a solidão faz na doce canção de Roberto Carlos É madrugada silenciosa com os ventos Cortando a carreta de versos poéticos Pela Serra de Macuripe em Morrinhos A velocidade constante e o pensamento voa Entre os tempos destes andamentos Longa viagem pelo sertão verde Lembro-me do Doutor Honoris Causa Uma celebridade Patativa do Assaré Cabedal e um dos maiores improvisadores Sangue natural do querido Ceará Mais aqui, eu posso exorar ao majestoso “Príncipe dos Poetas Cearenses”, Que me deixe eu por lá chegar Se a madrugada é a fleuma que se faz Eu só manejo versar umas letras nas terras alheias Eu vos peço com o suor dos meus sonhos Entornado na visão do asfalto negro que me assola Sou apenas um poeta do Estado do Maranhão Miúdo aprendiz de gráficas com súplica não rimadas Ó Ínclito e erudito Padre Antonio Tomás Opíparo cabedal! abres renques nesta via Dê-me coragem e força nesta minha direção Que eu beire nas cautelas da providência divina E no simbolismo da Augusta Paz esta missão Onde a história da existência se realiza em letras E doravante por bons momentos Sem pressa, ainda é o albor que passeia Nos longínquos horizontes claros É ali, onde quero chegar e dizer nesta oração Simples composição com uma decoração Eu vejo a placa, a sinalização da BR -402 E embarco ainda pela BR com mais velocidade Nossa! Já estou na cidade do nobre poeta Viva Itapipoca! Altiva com Altivez é Itapipoca! Guerreira por ser a própria natureza E me aceita aqui com delicadeza É fineza de uma abençoada cidade Amada pelo augusto poeta Antônio Tavares Estou na Avenida Anastácio Braga Belíssima avenida e muito larga Nossa! É aqui a Ducoco Alimentos Uma empresa com fama internacional Isso é Itapipoca, a Terra dos Três Climas Torrão do ilustrado e famoso poeta Chico Mesquita Dois ícones de referência na literatura contemporânea. Pronto! Aqui estou e agora vou buzinar nesta manhã Acordar quem foi notificado desta minha jornada Acordas Antonio Tavares Recebas tu, este simples soneto! I Que os teus dias sejam sempre de poesias, cantando na caatinga que avança até o mar, Dançou os pássaros de Canindé com alegrias, voando, voando, entre o rios Curu, Canindé e Choró. II Ali, em pleno solo da antiga Kanindé, avistou o pequeno, a maior glória, vendo a maior estátua do mundo, de São Francisco de Assis, Cidade da fé. III Canindeense tu és e na alma brotou, o altivo e mais elevado poeta cearense, que sejas sempiterno e amante das letras. IV Grande mestre e amigo Antonio Tavares, festejo aqui atrasado para rebrilhar, o que já nasceu com lapidados em versos. Parabéns! Digno poeta e renomado escritor! Viva o poeta! Antonio Tavares Eu vim de Caxias, Terra dos Cocais E do poeta Gonçalves Dias Somente para eternizar o vosso nome. Das telas pintadas por Deus, é o ser Supremo Que desenhou no coração e no olhar do poeta O humanismo que abrolha no teu cerne Predominando e acentuando com candidez A natureza que raia no alvorecer Da pedra filosofal dos três tempos, é biografia Influência digna do espírito humano És tu! O guardião dos tesouros em letras Escultura detalhada das vozes da visão Fecundas artes de puríssima plurivalência Cultura e sábia experiência ainda polivalente Se encrava docemente na multivalência És tu, a voz do sertão que geme nos sertanejos Da flor dos cactos em pura liberdade Brada nos lençóis da poesia Todo clamor e sublimação em versos Lirismo que cativa a alma dançante Faz de vosso nome, um guerreiro Um lutador dos tempos! Das palavras e orações Tu fazes a renascença dos termos Da vida vivida é vida de um sertanejo São cores, matizes, sons que clamam Hoje e sempre na Terra dos Três climas São estas meras linhas tortas e deformadas Tão desfiguradas e desajeitadas Que peço sempre ao Altíssimo das Alturas O galardão e inventor do nada que se criou Que perpetre sucessivamente faíscas nos galanteios dos versos Abrilhantando nesta cortina azul toda a placidez Historiando do lirismo ao apogeu vivente Que eu, apenas um nino da Terra dos Cocais Onde o bem-te-vi canta nas palmáceas Quando o vento sopra para o lado que o vento dá Recebas tu! O meu simplório cântico Do poeta caxiense, de Caxias do Maranhão Viva o guerreiro irmão – Poeta Antonio Tavares Vídeo: http://www.youtube.com/watch?v=jevWK3_PuzU&hd=1 ERASMO SHALLKYTTON
Enviado por ERASMO SHALLKYTTON em 15/09/2013
Alterado em 15/09/2013 Copyright © 2013. Todos os direitos reservados. Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor. |