2005 - Republicando LÁGRIMAS DE UM ÍNDIO BRASILEIRO
Fui o primeiro habitante do Brasil, Naquele tempo e naquela época, Tínhamos muitas tribos, Éramos uma enorme nação.
Nasci entre arcos e flechas, Dos saltos das cachoeiras, Entre rios, lagos e mares, Nossa vida foi na floresta.
Amávamos a bela natureza, Debruçada nos córregos, Cheios de ouros e diamantes.
Depois, fomos descobertos, Pelos homens brancos e escravizados, Perseguidos até à morte, Antes, éramos um forte exército.
Agora, estamos sofrendo, Reduzidos na sociedade rudimentar, Somos poucos em plena extinção.
Ensinamos aos homens brancos, Estes se encantavam sorridentes, Com as belezas das florestas, Em busca de nossos diamantes.
Brasileiros! Brasileiros! Já fomos escravizados, Hoje, vejo-me flutuando, Nesta terrível agonia.
Sem território para morar, Vivo na desesperança, E sem minha gente.
Senhor Presidente da República! Sou um resto de silvícola, Sou um aborígine.
Que vive sempre mudando, De pequena reserva para outra, De minúsculos fragmentos de terras.
Senhores Senadores! Senhores Deputados! Homens letrados do governo, Senhores Ministros! Senhores Magistrados! Homens da Justiça brasileira!
Em nossas tradições, Somos ridicularizados, Envergonho-me da minha cultura.
Da ambição de alguns brasileiros, Que se dizem herdeiros, Do nosso território inteiro.
Não tem espírito de homem, Enganam nossos povos, Com presentes e remédios, Para se apossarem do nosso tesouro.
Mas eu posso viver, Sem estas esmolas, Porém, não posso viver, Sem a minha vida, Que os brasileiros tiram sem dó.
Ó Brasileiros! Ó Brasileiros! Vocês sabem o que é ver e sentir? Ver toda a minha raça fuzilada, Humilhada e esmagada, Pelo homem branco do Brasil.
Minha raça sacrificada e espinhada, Cravada de tiros e queimados, Metralhados brutalmente, E sem piedade divina.
Brasileiros covardes! Mentirosos e sem sinceridade, Invadem nossas tribos, Durante às madrugadas.
Hoje, não sou ninguém, E não tenho nada para dar, Estou expelido e sem dignidade, Varrido de minha nação indígena.
Metralham nossas mulheres, Matam nossos filhos ainda dormindo, Estupram perante nossos olhos, s nossas esposas e filhos.
Nossas riquezas são atordoadas, Brasileiros! Já demos de tudo, O que vocês ainda querem?
Acabar com nossas vidas? Matar nossa gente dormindo? Que crueldade! Brasileiros covardes! Não são homens para lutar em guerra, Onde corre o sangue no tempo.
Perdemos tudo o que era nosso, Sem que pudéssemos nada fazer, O governo sempre prometendo, Demarcar as nossas terras.
E o homem branco explorando, Nossas riquezas e tesouros, Durante a noite estarrecedora, Atacam-nos de surpresa.
Com bombas, revólveres, Pistolas, granadas e metralhadoras, E ainda ateiam fogo destruindo tudo, E nos chamam de índios otários.
Brasileiros! Homens falsos, Condenados às penas do inferno, Deixa minha gente em paz, Não queremos guerra, E nem sangue derramado.
Somos diferentes, Não temos fome e nem sede, E nem sabemos o que é inflação.
Sabemos que alguns indígenas, Ainda sofrem nos domínios, Passando fome e sede.
E ainda, recebem as chagas dos brancos, Afirma que o governo está ajudando.
Queremos ser respeitados, E sentirmos que o nosso povo, Sempre tiveram seus valores, Somos todos apenas brasileiros.
Ó Brasileiros! Não pedimos nada, Também não agradecemos, O que temos é nosso, Não devemos nada.
Nossa cultura não é esquecida, Já fomos vítimas dos colonizadores, Daqueles catequizadores, Com várias intenções de domesticar.
Das catequeses religiosas, Através dos Jesuítas, Com entradas e bandeiras, Fizeram-nos escravos, Subjugados naqueles projetos.
Trouxeram consigo as doenças, Transmitindo o Kock em nosso povo, Chamado bacilo da tuberculose.
Sempre fomos objetos de risos, Das crueldades na sociedade, Não um lugar no Brasil sequer, Onde possamos ser dignificados.
O preço que pagamos, Foi sem dúvida exorbitante, Pagamos com a nossa cultura, E com a nossa dignidade, O respeito dentre nós é a nossa vida.
Os governos só fazem promessas, E ainda retalham, retalham, Nossos territórios indígenas, E doam e vendem aos brancos.
Fazem escrituras falsas de terras, Como se fossem verdadeiros donos, Amedrontam com policiais e oficiais de justiça, Com liminar de reintegração de posse.
Brasileiros, sempre moramos aqui, Vivemos no mesmo berço, Dos nossos ancestrais.
Fazem processos na Justiça, Com pedido de usucapião, Mentem em Juízo sobre a posse, São verdadeiros ladrões.
Senhor Presidente da República! Ficamos como uma ilha, Sem defesa e sem guarida, Nas mãos dos homens brancos, Que se dizem dono da nação.
Senhor Presidente da República! Cortam os nossos territórios, Quais são os nossos direitos? O que ganhamos com isso?
Interesse público da União? Desapropriações ilegais? Onde está a nossa constituição? Afinal de contas, Eu cheguei primeiro.
Atualmente somos violados, Em nossos direitos, Sem terra para morar, E morrer neste Brasil, Sem saber os motivos.
Vivo triste neste Brasil, Sou dominado pelos brancos, Homens maus e com mil fuzis.
Brasileiros! Somos iguais, Bebemos da mesma água, Banhamos no mesmo oceano, Sentimos as mesmas dores.
Se continuarem a matarem o meu povo, Vamos partir do nosso Brasil, Vamos deixar os pedaços de terras, Vamos deixar nossas tradições.
Voaremos pelos céus, Antes, beberemos o chá amargo, Em sacrifício de nossas vidas, Vamos partir no infinito, Ao encontro de Deus Tupã.
Que nos levam ao outro mundo, Longe do Brasil selvagem, Corrupto e cheio de ladrões, Egoístas e sem compaixões.
Eu não quero partir, Não quero deixar o Brasil, Não aspiro sentir tristezas, Quero é viver nas minhas matas, Porém, esse é o nosso fim.
Violino, flauta e piano - Beethoven
ERASMO SHALLKYTTON
Enviado por ERASMO SHALLKYTTON em 19/06/2022
Alterado em 22/06/2022 Copyright © 2022. Todos os direitos reservados. Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor. |