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A alegria do menino e o filhote de veado-catingueiro
Naquele dia chuvoso marcava o décimo dia da Escola Jesus é Viver. A turma de aula perguntou ao menino João o que havia na sua casa para comer no almoço. Ele respondeu articulando que havia apenas carne de veado-catingueiro. E que seu pai todos os dias matava um tatu, um veado mateiro ou até mesmo pacas. A professora havia ensinado seus alunos o que é meio ambiente e dos recursos naturais renováveis.
Inopinadamente, a turma de aula replicou, dizendo o seguinte:
-Isso é covardia do seu pai, matar os tatus que estão na floresta. A vida do veado mateiro é viver na caatinga do nosso sertão. Isso é crime matar os animais silvestre. Eu não sei por que o Ibama não pegou o pai de João nas caçadas?
O outro aluno diz:
-Ibama – é o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis. Ricardo, quase todos os caçadores têm medo do Ibama, porém, eles continuam com armas de grosso calibre e caçando.
Naquele momento, a professora entra na sala de aula e ouve as reclamações dos alunos. E alerta que o Poder Público tem o papel de fiscalizar a posse de animais silvestres. Pois, a fauna é de grande importância na manutenção e ao equilíbrio do ecossistema e responsável pela geração e criação de ambientes. Como sabemos e vimos na televisão que o tráfico de animais é crime ambiental. Na verdade, a conscientização e a ação para combater esse crime são essenciais para proteger a biodiversidade, preservar o equilíbrio ambiental e sistemas.
Curioso, Antonio pergunta à professora.
-Professora, o pai do Antonio vende madeira cerrada para as cerâmicas no caminhão velho. Ele comete algum crime?
A professora responde:
-É claro que ele está cometendo o crime ambiental. Usando um motor Serra ilegal 0,38, extraindo da terra dos cocais, o que resta das poucas madeiras em carradas de toras, o que gera um impacto aflitivo na degradação florestal com mudanças no desequilíbrio e climático. Não possui autorização do Ibama para desmate da área “Norte Amazônica”, e nem Guia de Transporte da madeira, assim como a cerâmica que compra os metros cúbicos do caminhão. O pai dele vai ser fiscalizado, multado, além de responder a processo crime e a madeira apreendida. O certo é que a pessoa jurídica tem condições de fazer um manejo de madeira.
Instantes, em que Guilherme indaga à professora:
-Meu pai trabalha carteira assinada a quinze meses em uma carvoaria ilegal no meio das matas, tomando conta de vinte e cinco fornos de carvão para uma siderúrgica. Meu pai pode ser preso?
A mestra dos alunos responde:
-Ele não pode ser preso por ser empregado. Não tem carteira assinada e não usa IPI na carvoaria clandestina, além das horas extras não legalizadas. Logicamente, a equipe investigadora deverá destruir os fornos. Na verdade, esta empresa não tem o Documento de Origem Florestal – DOF, necessário para o manejo das madeiras em toras nativa, além de não possuir documentos das autoridades competentes para executar a atividade de carvoaria, devendo seus responsáveis e todo o pessoal serem conduzidos à Delegacia para serem autuados por crimes ambientais.
Sem dizer nada, João foi embora com os livros na mão. Os colegas de sala de aula que tudo assistia, apenas olhava o jeito do garoto. Numa certa tarde, João acordou por volta de umas duas horas da tarde, e falou seriamente com seu pai a respeito das caçadas.
-Pai, por que o senhor mata os tatus, pebas, pacas, onças-pintadas e catingueiros? Por que pai? Veja quantos filhotes órfãos o senhor já deixou na floresta. Não vá hoje não. Eu lhe peço.
Tentando explicar, o pai diz o seguinte:
-Até você quer me dar aula de boas maneiras. A caça já tem dono, eu vou apenas buscar no mato um veado-catingueiro. Com a venda eu alimento todos vocês. Isso não é brincadeira. Você devia era ajudar a sua mãe a quebrar os cocos.
Insatisfeito com a resposta, João fala para o seu pai:
-Não é justo fazer isso com os animais silvestres. Eles estão no seu habitat natural. E o senhor entra lá na mata fechada, sobe em uma árvore, faz mira com a vinte e mata o animal. Depois sai por aí vendendo a terceiros. Isso não é certo, pai.
-Vamos parar com esta conversa. Já estou de saco cheio disso. Eu não estou gostando nem um pouco. Vá dormir que é melhor para você que não faz nada.
No dia seguinte na Escola Jesus é Viver, alguns alunos proferem.
-João nós vimos o seu pai com dois veados nas costas. Que malvadeza! Ibama precisa saber disso.
Aborrecido, João responde:
-O que eu tenho haver com isso. Sim, ele matou a pedido dos clientes que são os pais de vocês. Pois, a grana está segura no bolso dele. Os pais de vocês pedem para ele matar as caças. O que eu tenho com isso? Não insistem que o meu pai não é caçador. Ele não vive de caçada.
O outro aluno contrapôs:
-Sim. Seu pai é um caçador e assassino de animais silvestres, além de vendedor é um criminoso. Qualquer hora vai ser preso e condenado por matar os animais da fauna dos cocais.
João diz com muita raiva.
-Eu nem estou aí. Ele caça por que os pais de vocês pedem para ele matar as caças que desejam. Se vocês não demonstrassem vontade de compra, ele não mataria tais animais. Assim, ele não terá para quem vender.
Não demorou muito. Anselmo chegou na sala de aula com um filhote de veado-catingueiro. E a turma não perdoou o jeito de Anselmo com o animal selvagem.
-Vá deixar na floresta urgente. Esse animal não pertence ao nosso habitat. O Ibama não deu autorização para você levar na escola ou criar em casa,
O menino Anselmo foi até a casa do pai de João e disse:
-Vamos até a floresta soltar este animal.
O pai de João complementou:
-Garoto! Eu lhe dei como um presente de ouro. Apesar que a mãe desse filhote, eu matei e vendi para o seu pai que me pagou um bom preço. E agora você quer devolver.
O menino chorando, disse:
-Por que moço o senhor me deu este animal, matando a sua mãe?
Ele respondeu alegando o seguinte:
-Eu dei este este veado-catingueiro de presente para você. Porque o seu pai me pediu que matasse para ele um veado, e me pagando bem. Eu mirrei na fêmea e matei ela com dois filhotes no pé de ipê amarelo comendo as flores. Na rajada da minha vinte, um dos filhotes fugiu e o outro ficou perdido, atordoado e louco na floresta por sua mãe morta.
O menino disse ainda chorando:
- Não me fale mais nada. Vamos na floresta onde você pegou este animal?
-Eu não faço isso, garoto. Devolver para a natureza. Isso foi um presente.
O menino esfregando os olhos ameaçou o caçador.
-Se o senhor não vier comigo, agora. Eu vou falar com o IBAMA sobre você e passar todas as informações.
Sem delongas, eles rumaram à floresta dos cocais. No momento que o garoto soltou o filhote de veado-catingueiro, o noviço saiu correndo pela floresta, como se estivesse chegando em sua casa e o garoto filmou tudo para mostrar em sala de aula.
O caçador disse:
-Você está bem garoto?
-Não estou bem. Mas por favor nunca mais mate um animal na floresta. É crime matar animais silvestres. O senhor pode pegar uma pena de detenção de seis meses a um ano e multa para quem matar, perseguir, caçar, apanhar ou utilizar espécimes da fauna silvestre, nativos ou em rota migratória, sem a devida autorização. Além disso, a pena pode ser aumentada pela metade se o crime for cometido contra espécie rara ou ameaçada de extinção.
O pai de João disse:
-Pensando bem, eu nunca mais farei isso com os animais selvagens. É dolorido, muito penoso e lastimoso toda essa situação. Ver um filhote sem a sua mãe, não há dinheiro que pague. Garoto, eu não sou mais um matador de animais. Acredite no que eu falo. Não fale nada para o IBAMA. Não diga nada para o Ibama. Vamos esquecer tudo e viver feliz, protegendo a nossa fauna das terras dos cocais.
ERASMO SHALLKYTTON
Enviado por ERASMO SHALLKYTTON em 09/07/2025
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